É sintomático que o período da nobreza no Brasil tenha se encerrado com um baile. O Baile da Ilha Fiscal, promovido pelo governo em homenagem aos oficiais do navio chileno Cochrane, jamais será superado em opulência. O dia 9 de novembro de 1889 teve clima de feriado, com a população se aglomerando no cais para observar os convidados exibirem as últimas modas em penteados, toaletes e jóias. Na ilha, D. Pedro II, adoentado, permaneceu apático, dançando apenas uma vez. Já a princesa Isabel e o Conde D’Eu aproveitaram bem as pistas de dança, animados por orquestras que tocavam predominantemente valsas e polcas. O imperador se retirou à meia-noite, mas o baile continuou animado até o raiar do dia.
Os jornais esgotaram nos dias seguintes, descrevendo pormenores de decoração, cardápio, vestes, danças e gafes cometidas, mas também registrando protestos pelos gastos desmedidos, equivalentes a 10% do orçamento anual da província do Rio de Janeiro. Seis dias mais tarde era proclamada a República. Fim da era dos salões? Não! Tão logo a poeira assentou, os salões reabriram para receber os diplomatas que vinha apresentar credenciais ao novo establishment.