Cidade Flutuante_1964 - Flagrante colhido em uma das vias que davam acesso ao interior do aglomerado de habitações fluviais situado em frente à orla do bairro dos Remédios e parte do bairro de Educandos, vendo-se, em primeiro plano, um artista de rua tocando saxofone para as pessoas que ali circulavam. O curioso logradouro fluvial assemelhava-se de modo geral a um bairro qualquer da cidade: possuía energia elétrica e tinha uma população estimada em cerca de dez mil habitantes. Operava como um porto regional de embarque e desembarque de passageiros e cargas e centro de comércio e serviços. Destaques: O aglomerado de habitações fluviais, denominado 'cidade flutuante", começou a se instalar em frente à então Rampa dos Remédios nos primeiros anos após o término da II Guerra Mundial - basicamente era composto de habitações flutuantes comerciais, comuns nos beiradões amazônicos. Com o flagelo da grande cheia de 1953 e os boatos alarmistas de que a cheia do ano seguinte seria ainda maior, parte da população do interior do Estado, sobretudo das regiões de várzea, vizinhas a Manaus, abandonou suas propriedades e migrou para a capital em busca de um lugar mais seguro. Em meados dos anos sessenta, o aglomerado de habitações fluviais já avançava perigosamente para a rota dos navios que entravam no Rio Negro rumo ao Cais do Roadway. Temendo um acidente de grande proporção com consequências imprevisíveis, o Governador Arthur Reis (1964-1967) acionou a Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos, para que removesse de vez a "cidade flutuante". Uma série de medidas foram tomadas para acolher e assistir as pessoas que ocupavam as habitações fluviais daquele logradouro, entre elas, comerciantes e prestadores de serviços. Mesmo assim os órgãos responsáveis pela execução da remoção, não foram capazes de evitar que problemas sociais, criados ao longo de pouco mais de duas décadas, se transferissem para a periferia da cidade. Divulgada no Brasil e no exterior, a remoção da "cidade flutuante", à época e ainda hoje, é motivo de controvérsia entre cientistas políticos e sociais que a acusam de ser parte de uma política excludente, de "assepsia social". Por outro lado, em termos urbanísticos e ambientais, é inegável o acerto de tal decisão do poder público, implementada antes que a situação tomasse proporções incontroláveis. Fonte: Manaus Sorriso - Foto: Nilo de Oliveira.