O BLEFE DE VARGAS.



Na tarde de 30 de setembro de 1937, o Chefe do Estado Maior Brasileiro, general Góes Monteiro, interrompeu a programação das rádios para dar um alerta: um mirabolante plano para derrubar o presidente Getúlio Vargas estava em vias de se concretizar. 

Batizado de Plano Cohen, o documento lido pelo militar listava minuciosamente os passos que os comunistas seguiriam para tomar o poder. Mobilizar os trabalhadores para uma greve geral, incendiar prédios públicos e deter autoridades do governo eram orientações básicas para o levante. Em caso de reviravoltas, os militares deveriam “proceder ao fuzilamento dos reféns”, determinava a cartilha, sem piedade. 

Faltava pouco para Vargas deixar a presidência. Dali a três meses, as eleições indicariam o nome de seu sucessor. Mas o anúncio da iminente ameaça vermelha obrigou-o a tomar medidas severas em nome da segurança nacional. No dia seguinte ao pronunciamento, estava decretado o estado de guerra. Um mês depois, o Congresso Nacional fechava as portas. A nova Constituição entrava em vigor, e a permanência do presidente estava garantida. Começava a ditadura do Estado Novo.

Em 1945, em meio à crise do regime, Góes Monteiro voltou a falar sobre o Plano Cohen. Desta vez para admitir que tudo não passava de uma fraude. Vargas saiu, mas voltou anos depois eleito, nos braços do povo. O plano que não existiu deu uma forcinha para que o “pai dos pobres” entrasse na História ao deixar a vida. 

Revista de História da Biblioteca Nacional – Setembro de 2009, p. 88.
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