PORTUGUESES, INGLESES, ESPANHÓIS E ATÉ AFRICANOS PARTICIPAVAM DA CAPTURA E DO COMÉRCIO ESCRAVO.


"O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África." - Pe. Antônio Vieira (1608-1697).

Até meados do século XIX, com exceção dos próprios cativos, quase todos os demais seres humanos estiveram envolvidos, participaram ou lucraram com o tráfico negreiro, incluindo reis e chefes africanos, que forneciam escravos para seus parceiros europeus. Na Europa, o negócio do tráfico negreiro nunca foi restrito aos países mais ativos na colonização da América, caso de Portugal, da Espanha e Inglaterra. Entre os demais participantes, estavam os alemães, os italianos, os suecos e os dinamarqueses. A Inglaterra, baluarte do abolicionismo no século XIX, fora o maior traficante de escravos no século anterior. Por volta de 1780, os ingleses transportavam em média 35 mil cativos por ano da África, numa frota de aproximadamente noventa navios negreiros. O primeiro grande traficante inglês, John Hawkins, tinha como sócia ninguém menos que a rainha Elizabeth I, a mesma soberana que fora mecenas do poeta William Shakespeare. Fernando, rei da Espanha, chamado de “Atleta de Cristo” pelo papa Alexandre VI, assinou o primeiro assiento, alvará de licença para o transporte de escravos em larga escala para o Império Colonial Espanhol na América. 

Laurentino Gomes, Escravidão – Globo Livros, p. 26.
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