Em uma medida que tumultuou o mercado financeiro, a China proibiu que as instituições financeiras e empresas de pagamento do país forneçam serviços relacionados a transações de criptomoedas. A ação é anunciada ao mesmo tempo em que o país asiático busca promover o uso de sua própria moeda digital, o yuan digital.
Além da restrição para transações de criptomoedas, a China alerta que instituições financeiras, bancos e canais de pagamento online locais não ofereçam serviços como registro, negociação, compensação e liquidação envolvendo moedas digitais, de acordo com um comunicado divulgado na última terça (18) por três órgãos do setor: National Internet Finance Association of China, China Banking Association e Payment and Clearing Association of China.
A “bomba”, inclusive, foi publicada no Twitter pela agência de notícias WU Blockchain. No post, é informado que “três associações do Banco Central da China emitiram um documento exigindo que as instituições não conduzam negócios com moedas virtuais, conclamando o público a não se envolver com moedas virtuais e enfatizando que as transações não são protegidas por lei”.
Breaking: Three associations under the Central Bank of China issued a document requiring institutions not to conduct virtualcurrency business, calling on the public not to participate in virtualcurrency, and emphasizing that virtualcurrency transactions are not protected by law.
— Wu Blockchain (@WuBlockchain) May 18, 2021
Para justificar a proibição de transações de criptomoedas no país, o Banco Central da China (PBOC) alegou que as moedas digitais não são “moedas reais” e que as instituições financeiras e de pagamento chinesas não possuem permissão para estipular preços de produtos em qualquer moeda digital. No comunicado redigido pelos três órgãos do setor também é destacado que os valores das criptomoedas são facilmente manipulados e que os contratos comerciais não são protegidos pela lei do país.
Já em junho de 2019, a China emitiu um comunicado afirmando que iria bloquear o acesso a todas as bolsas de criptomoedas (nacionais e estrangeiras) e sites de ofertas iniciais de moedas. O objetivo? Reprimir todas as negociações de criptomoedas com a proibição das bolsas estrangeiras.
Apesar da restrição anunciada, o comunicado da China não proíbe que a população mantenha criptomoedas compradas anteriormente.
Rebuliço no mercado
Naturalmente, o comunicado chinês causou um grande alvoroço no mercado financeiro — tendo em vista que boa parte da mineração de bitcoins é feita no territória da China. Tanto que o bitcoin, criptomoeda mais negociada em todo o mundo, chegou a cair de US$ 44 mil para US$ 32 mil nas últimas 24 horas, de acordo com dados da Coindesk.
O Ether, por sua vez, caiu quase 30% na manhã desta quarta (19) e o dogecoin, que vem apresentado altas consecutivas, perdeu quase 26%.
Como consequência, as plataformas de negociação da Cyrpto Coinbase (COIN) e Coindesk sofreram interrupções como resultado da liquidação.
É provável que os efeitos da restrição chinesa contra as criptomoedas tornem-se ainda mais evidentes nos próximos dias. Resta saber se o mercado especulativo das moedas digitais vai ser recuperar do baque.