Durante seus dois anos de exílio e ultimos de sua vida, Dom Pedro II se mostraria sempre disposto a retornar ao Brasil, se de lá o chamassem. Não manifestaria a menor sombra de despeito ou de rancor.
A possibilidade de rever a patria seria quase uma idéia fixa nele. De conspirações para o restabelecimento da Monarquia e de sua familia no trôno, nem queria ouvir falar.
Essa mesma esperança êle manifestaria mais tarde, naqueles versos: "Sereno aguardarei no meu jazigo, A Justiça de Deus na voz da Historia."
A Última Aparição Pública de Dom Pedro II foi no dia 23 de novembro, uma segunda-feira, havia sessão na Academia das Ciencias da França. Tratava-se de eleger um novo membro. O Imperador não quiz furtar-se ao
dever de associado : foi votar. Ao saír do palacio Mazarino, a mudança brusca de temperatura provocou-lhe um ligeiro resfriamento. Não lhe deu, porém, maior importancia. porém o resfriado evoluiu para pneumonia grave durante os dias seguintes, que acabou matando Dom Pedro II no dia 05 de Dezembro de 1891.
Apos a chegada da notícia do falecimento de Dom Pedro II, os membros do governo Floriano Peixoto, "temerosos da grande repercussão que tivera a morte do imperador", negaram qualquer manifestação oficial. Contudo, a população não ficou indiferente ao falecimento de Pedro II, pois a "repercussão no Brasil foi também imensa, apesar dos esforços do governo para a abafar. Houve manifestações de pesar em todo o país: comércio fechado, bandeiras a meio pau, toques de finados, tarjas pretas nas roupas, ofícios religiosos". Foram realizadas "missas solenes por todo o país, seguidas de pronunciamentos fúnebres em que se enalteciam D. Pedro II e o regime monárquico".
Grandes figuras da política brasileira compareceram ao Funeral em Paris; O senador Gaspar da Silveira Martins chegou logo após a morte do Imperador e, quando viu o corpo de seu velho amigo, chorou convulsivamente. O Barão do Rio Branco, que também estava presente, escreveu mais tarde: “Os brasileiros, trinta e alguma coisa, foi na linha e, um por um, jogou água benta sobre o cadáver e beijou a mão que como eu fiz estavam dizendo adeus ao grande morto.” Joaquim Nabuco, correspondente do Jornal do Brasil, escreveu por ocasião das exéquias suntuosas de D. Pedro II em Paris:”Mas foi sua sorte morrer longe da Pátria. É uma consolação, para todos os brasileiros que veneram o seu nome, ver que ele, na sua posição de banido, recebeu da gloriosa nação francesa as supremas honras que ela pôde tributar. No dia de hoje o coração brasileiro pulsa no peito da França."
Entre as cartas das coroas de flores depositadas da Carruagem que levava Dom Pedro II em seu Funeral, uma chamou a atenção pelos dizeres: "Um negro brasileiro em nome de sua raça". Ali colocada por um velho amigo do Imperador, o Engenheiro e Abolicionista André Rebouças, que acompanhou a Família Imperial em seu Exílio em 1889.
Fonte: Mônaco Janotti, Maria de Lourdes (1986). Os Subversivos da República./ A História de Dom Pedro II. O Declínio. Heitor Lyra
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