A Batalha de Wayna Daga travou-se há exatos 478 anos, a 21 de fevereiro de 1543, entre forças etíopes lideradas pelo Imperador Gelawdewos, auxiliadas por mosqueteiros e cavalaria portuguesa e as forças do Sultanato de Adal e do Império Otomano, comandadas por Ahmad ibn Ibrahim al-Ghazi, no leste do Lago Tana, no norte da Etiópia. O relato desta batalha encontra-se descrito na obra de Miguel de Castanhoso “Historia das cousas que o muy esforçado capitão Dom Cristovão da Gama fez nos Reynos do Preste João: com quatrocentos Portugeses que consigo leuou”
Na Batalha de Wofla, a 28 de agosto de 1542, o exército de al-Ghazi havia vencido as forças etíopes e portuguesas, capturando e matando o seu comandante, Cristóvão da Gama, filho de Vasco da Gama.
No entanto, os sobreviventes portugueses seriam reforçados pelas tropas do Imperador Gelawdewos, começando a preparar a vingança pela morte de Gama.
A 13 de fevereiro de 1543, as forças etíopes e portuguesas derrotaram um grupo de cavalaria e infantaria liderados pelo tenente de al-Ghazi, Sayid Mehmed, em Wogera, obtendo a informação de que as forças de al-Ghazi se encontravam a apenas 5 dias de marcha, partindo para enfrentar o inimigo.
Após alcançarem as forças do Sultanado, montaram acampamento e cada lado investiria sobre o outro com ataques de cavalaria.
A 21 de fevereiro, as forças luso-etíopes carregaram sobre o inimigo, que a início conseguiu suster o ataque, até que uma carga de cavalaria irrompeu pelas suas linhas.
Neste ponto, Ahmad ibn Ibrihim al-Ghazi liderou um ataque islâmico, tendo sido morto por uma bala que o atingiu no peito. Segundo Miguel de Castanhoso, terá sido um arcabuzeiro português a desferir o tiro fatal.
João Bermudes, na sua obra “Breve relação da embaixada que o Patriarcha D. João de Bermudez trouxe do Imperador de Ethiopia chamado vulgarmente Preste João”, atribui o disparo fatal a um João de Castilho, tese que é repetida por Gaspar Correia e Jerónimo Lobo.
Após a notícia da morte de al-Ghazi se espalhar, o seu exército desertou do campo de batalha. Entre as mulheres que as forças vitoriosas resgataram do acampamento islâmico, havia numerosas cativas cristãs e, como conta Castanhoso, "uns encontraram irmãs, outras filhas, outras suas esposas, e não foi para elas um pequeno prazer vê-las libertas do cativeiro".
O desfecho da batalha, que marcou um dos pontos mais altos da colaboração militar entre a Abissínia e o Estado Português da Índia, levaria à consolidação da posição do Império Etíope e ao declínio do Sultanato de Adal, definitivamente substituído pelo Império Otomano como o principal agente da expansão muçulmana na região.
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