Tomé Pires, chefe da primeira missão diplomática portuguesa à China



Tomé Pires terá nascido por volta de 1465, tendo sido nomeado boticário do príncipe D. Afonso, filho do Rei D. João II, em 1490.
Tomé Pires seria enviado para a Índia em 1511, como Feitor das Drogas, tendo passado também por Malaca e Cochim. A sua função era analisar e adquirir as drogas orientais para a Carreira das Índias. Foi nesta altura que Pires escreveu a sua mais importante obra, a “Suma Oriental”, onde o boticário descreve as plantas e drogas medicinais do Oriente e informações de caráter comercial como os portos de comércio que poderiam interessar aos portugueses no Índico. Pires teve o cuidado de confirmar a veracidade das informações junto de mercadores, capitães e habitantes locais, pelo que a “Suma Oriental” é uma importante fonte para o estudo do Oriente no século XVI. A obra é a mais antiga e extensa descrição portuguesa do Oriente, tendo sido redigida entre 1512 e 1515.
Em 1516, Pires partiria para Cantão, na China, na frota de Fernão Pires de Andrade, como chefe da embaixada que o Rei D. Manuel I decidira enviar ao Imperador Zhengde.
A missão diplomática revelar-se-ia um fracasso. Quando chegaram às ilhas junto do porto de Cantão, a embaixada deparou-se com uma Armada chinesa que guardava a cidade. Apesar de alguma tensão inicial, o Capitão da Armada deixaria os portugueses aportar em fim de setembro, tendo Tomé Pires desembarcado com mais sete portugueses, negociando algumas mercadorias e retirado posteriormente para a ilha da Veniaga. Apesar deste sucesso inicial, as ações do irmão de Fernão Peres de Andrade, Simão de Andrade, rapidamente deteriorariam as relações. Simão construiria um forte em Tuen Mun, impediria mercadores estrangeiros de comerciar na ilha e terá agredido um oficial chinês que ali se deslocara para esclarecer que a soberania sobre o local era da dinastia Ming.
Rapidamente começaram a difundir-se boatos falsos sobre os portugueses, inclusive que estariam a comer crianças chinesas. Apesar de não haver quaisquer evidências que provem que este comportamento possa ter alguma vez acontecido, os rumores denegriram a imagem que os chineses tinham dos portugueses.
A embaixada de Tomé Pires partiria para norte em janeiro de 1520, chegando em maio  a Nanjing, onde estava o Imperador, que concederia à embaixada portuguesa uma audiência rápida. Os rumores sobre os portugueses tinham afetado a perceção que as autoridades tinham sobre os mesmos.
Após a morte do Imperador Zhengde, em abril de 1521, o Grande-Secretário Yang Tinghe anunciaria a rejeição da embaixada portuguesa, tendo a mesma sido forçada a partir. Nos dois anos que se seguiram, ocorreriam confrontos navais entre os chineses e navios portugueses, nomeadamente as batalhas de Tamão e da Ilha de Veniaga, o que levou a que Tomé Pires fosse aprisionado e forçado a escrever para o Rei português, o Vice-Rei da Índia e o Governador de Malaca que o novo Imperador exigia que os portugueses abandonassem Malaca e a entregassem à dinastia Ming.
Tomé Pires terá falecido de doença em 1524, apesar de alguns relatos apontarem para que tenha vivido até 1560 em Jiangsu, sem permissão para abandonar a China. 


Na imagem, selo em homenagem a Tomé Pires, 1955.
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