Goa tornou-se portuguesa há 512 anos



O controlo da Ásia por terra, e já não meramente por mar, foi a essência do plano estratégico de Afonso de Albuquerque para o oriente. Cortando com a anterior política portuguesa, que privilegiara a formação de amizades e alianças com potentados locais como modo de assegurar a presença lusa na Índia, Albuquerque quis fazê-la permanente através, por um lado, da posse de bases para a armada portuguesa e, por outro, dos mais relevantes portos comerciais do Oriente. Assim, dispôs-se a conquistar os pontos fundamentais do comércio asiático. Em 1507, lançou a sua primeira ofensiva sobre Ormuz. Perdê-la-ia depois por motivo de uma conjuração pró-Pérsia na cidade. Regressaria em 1515 para tomar posse definitiva da cidade. Malaca, a porta do comércio com a China e a Insulíndia, cairia nas mãos de Albuquerque em 1511; e sobre Áden, que Portugal queria para guarnecer o seu controlo do Mar  Vermelho e do Bab el Mandeb, tentou-se um ataque inglório. Em sua substituição, Portugal tomou Socotorá.

A conquista de Goa inscrevia-se, pois, num plano amplo e bem pensado de implantação territorial. Embora tomá-la não tenha sido determinação do Rei Dom Manuel, Afonso de Albuquerque percebeu-a útil e colocou-a em prática. Goa, claro, era como nenhuma outra porto adequado à instalação dos portugueses. Porto muito próspero e influente, controlava parte significativa da exportação de especiaria indiana; para além disso, o facto de ser ilha tornava-a simples de defender. Para um império imenso e de tão poucos defensores - os portugueses jamais tiveram a Oriente mais que dois a cinco milhares de homens -, a facilidade da defesa e o potencial de fortificação eram as virtudes essenciais da sua futura capital. Ficou Goa, e Goa seria até 1961.

O avanço sobre Goa foi um dos mais extraordinários feitos das armas portuguesas; foi, até, um dos mais extraordinários triunfos militares alguma vez obtidos por uma potência europeia.  A braços com todas as limitações que vive um Estado ainda em constituição, Albuquerque tinha poucos homens, nenhuma base verdadeiramente digna do nome na Índia - em Cochim tinha-se apenas um forte e outras instalações rudimentares - e navios exaustos, quebrados, carcomidos pela bicharia, com que impor-se em mar e terra. Albuquerque venceu ainda assim. Por um lado, soube explorar admiravelmente as opções que lhe abria a diplomacia e a colaboração. O mito de um Albuquerque indisponível para a diplomacia, obtuso e fanático morre, desde logo, com a memória da aliança entre os portugueses e diversos elementos locais para esse grande feito que foi Goa. Muito ganharam os portugueses através do alistamento na causa do pirata hindu - e súbdito português - Timoja. Foi ele quem fez dos goeses hindus, submetidos então ao Islão e por ele oprimidos, amigos e aliados da bandeira portuguesa. A revolta destes hindus contra o Sultão de Bijapur não fez, seguramente, a vitória portuguesa. Mas deu-lhe bom auxílio.

A 1 de Março, Afonso de Albuquerque desembarcou em Goa. Tomou-a sem violências, saques ou depredações. Prometeu-se liberdade e protecção a todas as minorias religiosas. Instalou-se nova administração, cunhou-se moeda, instalou-se o governo, nasceu, na essência, um Portugal novo e distante. Tudo isto sofreria pausa com o contra-ataque muçulmano meses mais tarde. Surgiram frente a Goa 40 000 homens e os portugueses, após duro combate e contra a vontade de Albuquerque, foram obrigados a retirar-se para os seus navios. Ficaram no Rio Mandovi, ao largo de Goa, durante meses de intenso bombardeamento de Bijapur. Os portugueses acabaram presos no Mandovi, pois a monção, que entretanto chegara, impedia retiradas. Mas, embora sob o cerco combinado da artilharia, da fome, das doenças e da chuva, os portugueses - e Albuquerque - resistiram. A 25 de Novembro, já o grande capitão regressava a Goa e, entrando nela subitamente e sem aviso, conquistou-a. As forças defensoras, muitas vezes superiores em número, terão desesperado ao verem a bandeira portuguesa numa das torres das muralhas. Em pânico e julgando-se perdido, fugiram para o continente a correr ou a nadar. Pelo dia 10 de Dezembro, Goa era portuguesa.

// 1900 pessoas já assinaram a nossa petição pela devolução da nacionalidade aos soldados guineenses que lutaram por Portugal. Na Guiné, temos outras 5000 assinaturas. Temos de ser muitos mais. Porque está em causa a honra de Portugal. Porque está em causa a dignidade, e muitas vezes as vidas, de homens que juraram fidelidade à nossa bandeira, que a cumpriram e que agora não podem ser deixados para trás. Assine nos comentários e divulgue. 

RPB
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