O Início da Educação de Cegos no Brasil


José Álvares de Azevedo (1834-1854) foi o primeiro professor cego brasileiro, responsável pela introdução do Sistema Braille no Brasil 

Cego de nascimento, de uma abastada família do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil. Foi educado no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris entre 1841 a 1850.

Concluído o curso, o jovem Azevedo regressou ao Brasil em 1850 com um ideal: disseminar esse sistema a todos os cegos que conseguisse, com a criação de uma escola semelhante àquela que havia tido o privilégio de frequentar.

Para alcançar o seu objetivo, José passou a fazer palestras em todos os lugares  possíveis, como casas de família e os salões da Corte Imperial.  Escreveu e publicou também artigos sobre a importância do braille para a educação dos cegos brasileiros, até então condenados ao analfabetismo e a uma vida de total isolamento social

Ensinou o Sistema Braille a uma moça cega chamada Adélia Sigaud, que era filha do médico da Corte Imperial, Dr. Francisco Xavier Sigaud, que vendo o desenvolvimento da sua filha, conseguiu uma audiência para José Álvares com o Imperador Dom Pedro II.

José não só fez uma demonstração de como o braille poderia acabar com o analfabetismo entre os cegos como propôs ao monarca a criação de uma escola especializada dos mesmos moldes do Instituto de Paris. Impressionado e sensibilizado pela apresentação, D. Pedro II exclamou: "A cegueira já quase não é uma desgraça!" e decidiu abraçar a causa do professor, dando início ao processo de criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1854, hoje chamado de Instituto Benjamin Constant. José Álvares de Azevedo faleceu com apenas 20 anos de idade, vítima de tuberculose, sem poder testemunhar a Inauguração da Escola para Cegos. Por sua imensa contribuição para a inclusão social da pessoa cega brasileira, o dia do seu nascimento, 8 de abril, foi declarado oficialmente Dia Nacional do Braille.

Sob a direção de José Sigaud, o instituto foi inicialmente instalado em uma chácara alugada ao barão do Rio Bonito, localizada no Morro da Saúde.

A estrutura do instituto era composta por um professor de primeiras letras, um de música vocal e instrumental, os das artes mecânicas, médico, capelão, um inspetor de alunos por cada turma de dez meninos, e os empregados e serventes que fossem indispensáveis. Nos três primeiros anos de exercício o número de alunos não deveria exceder a 30, sendo dez admitidos gratuitamente, quando reconhecidamente pobres, à custa do governo imperial.

Para fiscalização dos trabalhos do novo estabelecimento, foi designado o conselheiro de Estado Miguel Calmon du Pin e Almeida, o marquês de Abrantes, que exerceu a mesma função de comissário do governo em relação do Instituto dos Surdos-Mudos, criado em 1856. Com sua morte em 1865, assumiu o lugar Couto Ferraz, que deixara o cargo de secretário de Estado, substituído em 1885 pelo conselheiro Antonio Cândido da Cunha Leitão e, em 1888, por Joaquim Antônio Fernandes de Oliveira 

O curso do instituto teria a duração completa de oito anos. Nos três primeiros eram ministradas as matérias de leitura, escrita, cálculo até frações decimais, música, e artes mecânicas, adaptadas à idade e força dos meninos. No quarto ano seria ensinado gramática, francês, aritmética, princípios elementares de geografia, música e ofícios mecânicos. Do quinto ano em diante, além dessas matérias, haveria geometria plana e retilínea, história e geografia antiga, média e moderna, e leitura explicada dos Evangelhos. Finalmente, no último ano o estudo limitava-se à história e geografia nacional, ao aperfeiçoamento da música e dos trabalhos mecânicos.
 
Com a morte de Cláudio Luís da Costa, em 1869, assume a direção da instituição Benjamin Constant Botelho de Magalhães, admitido em 1862 como professor de matemática e de ciências naturais. Benjamin Constant esteve à frente do instituto até a proclamação da República, quando assumiu a pasta do Ministério da Guerra do Governo Provisório. Pelo decreto n. 9, de 21 de novembro de 1889, que suprimiu o ‘imperial’ de vários estabelecimentos subordinados à Secretaria de Estado dos Negócios do Interior, passou a denominar-se Instituto dos Meninos Cegos.

A pedra fundamental do atual edifício do Imperial Instituto dos Meninos Cegos foi colocada no dia 29 de junho de 1872, obra do arquiteto Bitencourt da Silva, sendo inaugurado em 1900.

 Fonte: Educação das Pessoas com Deficiência Visual.  Por Leomir Bill
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