o Visconde do Rio Preto

Domingos Custódio Guimarães, o Visconde do Rio Preto, (1802-1868) foi um político e fazendeiro de café mineiro. Um dos homens mais ricos do Imperio do Brasil, dono de mais de 14 Fazendas e uma fortuna de aproxidamente R$ 620,800 milhões, que teve origem na companhia "Mesquita & Guimarães," especializada no abastecimento de carne para a corte imperial e na venda de escravos. 

Na década de 1830, começou o plantio de café na região do vale do Rio Preto. Suas atividades centravam-se na sesmaria das Flores, adquirida em 1843, onde levantou a sede da Flores do Paraíso, conhecida como a "jóia de Valença", notabilizada por inovações técnicas, como iluminação a gás, terreiros asfaltados e mecanização.

Agraciado com o baronato em 6 de dezembro de 1854, com o viscondado em 14 de março de 1867 e com a grandeza em 14 de março de 1867. Foi comendador da Imperial Ordem da Rosa.

Foi vereador em Valença, por dois mandatos sucessivos, ente 1861 e 1868.

O Visconde do Rio Preto casou-se com Faustina Xavier Pestana, depois com Maria das Dores de Carvalho, baronessa e viscondessa do Rio Preto, com quem foi pai do segundo barão do Rio Preto, Domingos Custódio Guimarães Filho.

As 14 fazendas do Visconde do Rio Preto produziam 60.000 arrobas de café (15.000 sacas) o que, com a saca vendida ao preço médio de R$ 500,00 e com o US$ a R$ 4,00, daria um resultado anual de mais de US$ 1,875,000

O Visconde do Rio Preto faleceu a 7/7/1868, (conforme o mausoléu no cemitério do Riachuelo, em Valença, RJ), no meio da magnífica festa que dava na fazenda Flores do Paraíso para comemorar a inauguração do ramal Paraíbuna-Porto das Flores da estrada de ferro.

O Visconde do Rio Preto deixa uma enorme fortuna de 4.000 contos de réis, equivalentes a 4.000 kg. de ouro na época, (considerando a gr. do ouro a R$ 324,03, a 29/1/2021, temos R$ 1.296.120.000,00).

Paralelamente às suas atividades rurais, dedicou-se ao desenvolvimento da cidade de Valença, então nascente, participando ativamente de sua vida política e administrativa, chegando a ser Provedor da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Valença e Presidente da Câmara Municipal de Valença, entre outras atividades de grande importância para o Município.

Ao afastar-se da Presidência da Câmara, por falecimento, deixou um superávit de 2:103$000 (dois contos e cento e três mil réis) de dinheiro em caixa; 23 apólices no valor de 500$000 (quinhentos mil réis); 23 apólices de 1:000$000 (um conto de réis); 20:000$000 (vinte contos de réis) aplicados a juros de 11% ao ano, depositados na Casa Mesquita, no Rio de Janeiro, para cobrir as despesas mensais da instituição; além de 3 escravos e um terreno no centro da cidade, onde hoje se encontra instalada uma Clínica Médica, à Rua Dom André Arcoverde.

Homem de imensa generosidade, o Visconde ajudava famílias carentes e socorria financeiramente várias instituições valencianas. Só à Santa Casa da Misericórdia, no período compreeendido entre 1864 e 1867, doou uma quantia superior a 21:000$000 (vinte e um contos de réis), o equivalente, em moeda de hoje, a mais de dois milhões de reais. À época, 1$000 (1 mil réis) correspondia a 0,9 gramas de ouro.

Concluiu as obras de vários prédios na cidade, entregando-os, após, à administração pública, como o prédio onde hoje funciona a Câmara Municipal de Valença.

Utilizando recursos próprios, como sempre, abriu uma estrada de rodagem ligando Valença à localidade de Taboas; foi idealizador da construção de uma ferrovia ligando Valença ao distrito de Juparanã; com recursos próprios, instalou uma rede de abastecimento de água potável para o centro da cidade, além da construção de passeios em volta da então Praça D. Pedro II, hoje Praça XV de Novembro, entre outros melhoramentos.

Preocupou-se em projetar o nome da cidade de Valença, como fez no Rio de Janeiro ao contribuir financeiramente para a execução da estátua de D. Pedro I e a execução da estátua de José Bonifácio.

Impediu o desmembramento de Valença (Ipiabas, Santa Isabel e Conservatória); contribuiu para a viagem dos 144 Voluntários da Pátria para o Rio, em 1865; contribuiu para a campanha de "Arrecadação para a Guerra", com 12:460$000 (doze contos e quatrocentos e sessenta réis); contribuiu com 4:000$000 (quatro contos de réis) para a construção do Asilo para os Inválidos da Pátria, entre outras ações beneméritas.

Doou preciosos acervos bibliográficos para a Biblioteca Municipal e a Euterpe Valenciana. Em sua Fazenda do Paraízo, mantinha uma orquestra com instrumentos importados da Inglaterra, composta de 60 escravos, e um coral com 50 meninos cativos. Várias vezes se apresentaram em Valença.

1 Comentários

  1. Impressionante: como um traficante de seres humanos pode ser considerado "homem de imensa generosidade?" Que absurdo!

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