O "Sal de Índio" é um produto tradicional da cultura Xinguana, feito à base de folhas de aguapé. Diferentemente do sal industrial, de sódio, o “sal de índio” é composto de potássio, que não tem efeito deletério para a pressão sanguínea.
Todas as etnias xinguanas produzem o seu sal vegetal, mas os índios awetis têm o mais desejado; o condimento é uma de suas contribuições para a troca de produtos, elemento organizador do sistema cultural xinguano.
O sal vegetal é feito a partir do processamento das folhas do aguapé, uma espécie aquática que prolifera na superfície das lagoas locais. A planta boia, com as folhas visíveis, e a raiz, submersa.
A produção do condimento é uma atividade feminina e leva vários dias. As mulheres entram na lagoa e tiram as folhas do aguapé que estão fora da água, sem comprometer as raízes. Isso ocorre apenas em algumas épocas do ano, para que as plantas se regenerem.
As folhas coletadas são postas ao sol para secar, em uma superfície que fica na margem da lagoa. Depois de alguns dias, já secas, elas são queimadas em uma fogueira. As cinzas resultantes são misturadas com água e levadas ao fogo em uma grande panela. Quando a água está praticamente seca, a panela é tirada do fogo para terminar a evaporação.
O resultado é um pó branco, usado para salgar o peixe já pronto, na hora de comer (não é adicionado ao processo de cozimento do alimento).
Além dos awetis, os produtores mais reconhecidos são os waujas e os mehinakos. O sal é trocado ritualmente durante a festa do Kuarup.
Nesta imagem de Sebastião Salgado vemos indígenas Wauras coletando os igarapés para fazer o sal.
Fonte: Sebastião Salgado na Amazônia - Folha de São Paulo.
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