TEMPESTADE NO LÍBANO: VAI-SE A TORMENTA E FICA O NOME


“Quando você for se embora, moça branca como a neve, me leve (...)E se aí também não possa por tanta coisa que leve já viva em seu pensamento, menina branca de neve, me leve no esquecimento”. (Ferreira Gullar)

Muitas pessoas têm curiosidade em saber sobre a designação dos nomes de furacões e ciclones. Isso começou à época da Primeira Guerra Mundial, quando marinheiros militares enfrentavam fortes tormentas durante suas viagens no mar a bordo de navios militares. 

E para amenizar a dor dessas adversidades, começavam a associá-las com as mães, irmãs, amantes ou esposas que eles tinham abandonado aguardando por seu retorno. 

Mas as mulheres não gostaram de ser associadas a uma devassidão, pessimismo e forma machista de ser, foi então decidido que nomes masculinos também seriam inseridos para que as tempestades fossem chamadas, alternadamente, por um nome feminino e outra por um nome masculino. 

Assim, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) foi incumbida de criar listas em hierarquia alfabética, a partir da letra “A” até a letra “Z”, com os nomes de furacões, eliminando algumas outras letras como “Q”, que raramente havia nomes que começavam com essa letra. 

No Líbano, o Centro de Monitoramento do Tempo no Aeroporto de Beirute é o responsável de designar os nomes para as tempestades, uma vez que na Bacia do Mediterrâneo não há incidência alguma de furacões ou ciclones. 

Um dicionário recém-criado incluiu nomes femininos e masculinos, seguindo norma da Organização Meteorológica Mundial, sendo nominadas tempestades apenas que tenham condições meteorológicas excepcionais e não àquelas passageiras, além de a ordem alfabética ser reversa da ocidental, ie, começando pela última letra “Z”, seguindo até a letra “A”. 

Uma curiosidade sobre os nomes escolhidos: em 2015, foi selecionado o nome "Zina" زينة (decoração, em árabe) para a tempestade que estava chegando ao país, uma alusão de que as montanhas do Líbano seriam “decoradas” e adornadas com neve. Há sempre algo de poesia no espírito do libanês. Vá entender.

À medida em que a tempestade “Farah” فرح, (em árabe quer dizer alegria), vai-se afastando do Líbano, encerrava-se a noite quase no fim do mês de fevereiro com a frase de Voltaire: “Nunca qualquer floco de neve se sentiu responsável por uma avalanche”.

© Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro
foto: pinterest
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