Originários do Noroeste da Índia, o povo que hoje é conhecido por cigano ou Rom partiu em êxodo desta região por volta do ano 1000 por razões ainda hoje pouco esclarecidas. Este povo espalhou-se pela Ásia e Norte da Europa dando origem à denominação "Rom". Já outro fluxo de migração passou pelo Egito, daí o nome de gypsy , tsigane , gitano e cigano, e veio a espalhar-se pelo Norte de África, Península Ibérica e Sul da Europa.
Ou seja, apesar de serem de fluxos migratorios diferentes, os ciganos da Europa ocidental e oriental possuem a mesma herança cultural da Índia, transformada por séculos de itinerância e nomadismo em contato com povos de todo o Mundo. Com a colonização esse povo também migrou para as colônias Européias nas Américas.
Ao longo da História esse povo foi marginalizado pelas sociedades com as quais estiveram em contato, sobretudo pela recusa de abandonar a sua cultura, tradição, língua e costumes e pela sua necessidade visceral de liberdade e independência. Por isso os ciganos escolheram durante séculos a vida nómade, talvez por ser aquela que lhes permitia sobreviver em plena identidade.
Para além da discriminação e exclusão social e racismo, os ciganos chegaram a ser escravizados, como no caso da Roménia, e foram vítimas dos Campos de Concentração Naz1, resultando no extermínio de cerca de meio milhão ciganos.
A base da economia das comunidades ciganas era tradicionalmente o ofício artesanal, ferreiros, caldeireiros, cesteiros, etc., ou o comércio de bens de variada ordem além de animais.
Os vários tipos de ocupações profissionais mantêm-se ainda hoje nas famílias ciganas.
No Leste da Europa, ainda hoje existem clãs de famílias cujas características fazem lembrar as das castas indianas, em que os ofícios são seguidos por várias gerações. Por exemplo, encontramos no ofício de caldeireiros dos Kalderash, ou no comércio de cavalos dos Lovara.
Talvez a mais conhecida forma de sustento do povo cigano é a arte do circo, tanto na representação, adestramento de animais e na música. Foi sobretudo a música que permitiu a um certo número de grupos de ciganos uma posição muito favorável junto das cortes de reis e czares na Europa e na Rússia. Em termos musicais, os ciganos assimilam a cultura musical dos povos com quem estão em contato e reinterpretam-na de uma forma inteiramente pessoal e cultural que chega a ter laivos de verdadeira reinvenção. Uma das manifestações mais importantes desta influência mútua de ciganos e gadjés encontra-se no flamengo, arte viva que uniu na sua expressão não só as formas culturais como também os povos.
O povo cigano tem uma língua própria manifestada em diferentes dialetos que têm origem na língua hindu e no sânscrito. A sua língua é também uma espécie de código que estabelece a base dos laços sociais e familiares dentro da mesma comunidade ou em comunidades diferentes de ciganos. Dentro da família cigana, os velhos e as crianças ocupam uma importância fundamental, significando por um lado a preservação da experiência e do conhecimento predominantemente oral desta comunidade e o futuro e a sobrevivência da sua cultura. A família e a honra são os valores mais queridos deste povo que observa uma série de regras de forma muito rigorosa. Muitos dos costumes das comunidades ciganas, sobretudo os mais característicos, são completamente desconhecidos das sociedades onde estes se inserem, o que por vezes contribui para aprofundar a discriminação.
Hoje em dia são raras as comunidades totalmente nómades de ciganos tanto no Brasil quanto na Europa, dado que a maior parte se fixou total ou parcialmente em algum local. A exemplo de outros grupos étnicos, na era moderna a força de muitos dos costumes mais tradicionais está enfraquecendo, sobretudo nas comunidades urbanas.
Por outro lado, durante a segunda metade do século XX, há a criação na Europa e em outros continentes, instituições organizadas de defesa da cultura e dos direitos do povo cigano, que prezam pela preservação de muitas das suas tradições, ao mesmo tempo, pretendem um estatuto de cidadania efetiva junto das sociedades em que estão inseridos, com o respeito dos seus direitos mais elementares, entre os quais o respeito à diferença.
No Brasil, cerca de 800 mil a um milhão de pessoas se identificam como ciganos, de acordo com IBGE, já o Conselho da Europa estima que a população cigana em Portugal ronde as 52 mil pessoas.
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