As ruínas das Termas de Radium em Sortelha Portugal.

 
Na estrada para Sortelha, pouco antes de começarmos a subir por entre os impressionantes rochedos graníticos da Serra da Pena, do lado esquerdo umas ruínas imponentes. Na altura pouco ou nada se sabia sobre o local, e nem sequer estava marcado nos mapas, mas o meu fascínio por ruínas fez com que nunca me esquecesse da visão daquele grande edifício fantasmagórico no meio do arvoredo. Estive bastantes anos sem voltar à região, mas quando regressei tive obviamente de satisfazer a minha curiosidade e ir visitar estas ruínas, de que entretanto já tinha encontrado o nome: Hotel da Serra da Pena, mais conhecido por Termas de Radium.
Que as voltas da Ciência são surpreendentes, não há qualquer dúvida. À medida que as descobertas científicas vão progredindo, desfazem-se velhos mitos e criam-se outros. O que hoje não presta pode no futuro passar a ser valioso, e o que é bom hoje, amanhã pode ser considerado um perigo. Esta é também a moral da história das ruínas das Termas de Radium.
Quando Marie e Pierre Curie descobriram o rádio em 1898, este metal passou rapidamente a ser uma coqueluche da medicina. Acreditava-se que os seus efeitos eram benéficos para a saúde, e que as águas que possuíssem este elemento eram, consequentemente, boas para tratar toda uma panóplia de males físicos, desde doenças de pele a problemas osteoarticulares, circulatórios, renais e tudo o resto que se possa imaginar. Com o aumento dos estudos sobre o rádio, acelerados durante a Segunda Guerra Mundial para tentar construir a bomba atómica, a comunidade científica acabou por perceber que na verdade este elemento químico pode facilmente fazer mais mal do que bem. Mas enquanto não se chegou a esta conclusão, a exploração de águas minerais radioativas esteve muito em voga, tanto na Europa como na América do Norte, e proliferaram as termas e os hotéis termais dedicados a esta finalidade.
Analisadas as águas das nascentes da região envolvente da Serra da Pena, descobriu-se terem urânio dissolvido e serem das mais radioativas do mundo, facto que até foi divulgado num congresso que teve lugar em Lyon em 1927. Entretanto, algures entre 1910 e 1920, um conde espanhol que foi caçar por aquelas bandas terá experimentado levar algumas garrafas de água (que os locais diziam ser milagrosas) para tratar uma doença de pele da sua filha, com tão bons resultados que decidiu depois começar a explorá-las e erguer ali um hotel termal.
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